VEJA O DOCUMENTÁRIO COMPLETO
Tudo isso a partir entrevistas nas localidades e comunidades das quais se encontram focos do Gambá, para preservação e proteção, promoção e difussão deste patrimônio da cultura povo do Pará.
É muito evidente que o chamada GAMBÁ OU GAMBA teve sua origem na África como ramificação das religiões afrodescendente, e se instala no Pará na era colonial como forma de homenagear as entidades das quais os escravos acreditavam e inspiravam suas religiões, para suas suposta proteção, fertilidade e rituais de casamentos, nascimento entre outros.
Mas com a imposição do catolicismo pela igreja, desde o primeiro século de nossa colonização, as entidades de origem africanas começam a ser cultuada e substituída pelos santos católicos, como Ogum sendo S. Jorge, Nossa Senhora da Conceição para Yemanjá, enquanto isso os senhores proprietários de escravo entendiam todo este ritual como folclore, até parecia muito confortável para entenderem desta forma.
Quilombo da Maria Ribeira em Gurupá- PA
ORIGEM DO NOME GAMBÁ
Uma espécie de administrador dos que dançam, Mestre Chiquinho denomina o “comandante “, era quem dizia a hora começar e de terminar a dança. Tinha uma toalha branca no ombro.
CLEIDIANE SERRA SANTANA
Esta expressão de identidade trouxe uma musicalidade muito latente, percussiva e particular desta tradição africana que se estabeleceu na região de Gurupá, Porto de Móz, Almeirim e Aveiro no Pará. Sua origem remonta a séculos e às danças e cantos de terreiro, ou seja, praticadas nos rituais religiosos do Candomblé que com o decorrer dos anos foi incorporando elementos indígenas e brancos. O nome dessa tradição está relacionado à utilização do chamado Tambor de Gambá nas apresentações. Esse instrumento consiste em um tambor, com aproximadamente um metro de comprimento feito de tronco de madeira e pele de animal; seu som lembra o ruído do gambá (animal). Esse tipo de batuque é largamente utilizado na região Norte do Brasil em outras apresentações, como Marambiré. Ajuê de S.Benedito, banguê e Carimbó, mas com sua particularidade, somente mais tarde, com a inserção da fé católica nessa parte da sociedade, a música com sua dança foi aceita. A mistura da cultura negra e católica nas manifestações folclóricas brasileiras é frequente e está relacionada ao modelo de colonização portuguesa. Na mistura das tradições indígenas, africanas e branca portuguesa se estruturam várias práticas culturais do Brasil. Tais culturas estão na base da identidade nacional e são transmitidas de geração em geração, sofrendo contínuas adaptações diante das novas realidades, dando origem a danças e festejos que mesclam a tradição ao que pode existir de novo.
A música de terreiro, o Gambá é constituído de brincantes, um “marcador”, um grupo de quatro cantadores, uma mulher solista e seu parceiro. Os demais formam uma roda ou duas fileiras que envolvem o par solista e batem palmas no ritmo executado no “Gambá”, isto é, um tambor feito de tronco de árvore com cerca de um metro de comprimento. A dança se inicia com uma mulher que acena um lenço grande colorido, requebra e mexe o corpo voluptuosamente de modo a provocar o entusiasmo dos demais. Depois de alguns momentos atira-o aos pés de algum dançador do grupo. Este recolhe o lenço e sai em perseguição da dama, que simula fugir das investidas do cavalheiro. O cavalheiro então simula desinteresse e a dama passa a provocá-lo com auxílio do lenço. A dança termina com a aceitação do cavalheiro que, com a dama, improvisa movimentos.
ORIGEM DO NOME GAMBÁ
Os patrões e senhores de escravos apelidavam aquela dança
de cultura negra de gambá, pela similaridade com o animal com o odor do animal,
pois quando os escravos dançavam suavam muito e como a questão da higiene pessoal
era muito precária na época, o cheiro não era um dos melhores.
Grupo de gambá Gurupá-Pa)
Um dos principais tocadores é o Antonio Ramos dos Santos,
executa o tambor chamado de primeira
voz, que é o maior instrumento da formação do conjunto, daí também chamado de
tamboro grande. É feito de maderia, coro de bicho do mato, geralmente veado,
também utilizado couro de gado.
Tambor
médio, que acompanha a folia confeccionado com todos os tambores do Gambá.
Tambor
menor, sons com maiores frequências de médios
jovens do quilombo de Maria Ribeira tocando milheiro.
Instrumento
agudo, feito de bambu com grãs de milho
dentro.
Também
chamado de pauzinho. Tocado sentado em um dos tamboro e tocando no tamboromal
Cacetete, gera uma frequência média, é tocado na
madeira do tamboro, este instrumento depende do outro, não da para tirar um som característico sem
esta tocando junto.
Uma espécie
de reco-reco artesanal, tocado pelo
MESTRE SALA com um pauzinho conhecido como cuba cheirosa, tocando
raspando o instrumento que é feito de bambu que inicia a folia, tocado por José
Ramos dos Santos e Benedito de Arimatéia
mudando a folia , bate o GAMBÁ (toca).
Instrumento que da o inicio a todos os toques para tanto para iniciar a
celebração das rezas, toque do gambá,
nas casa dos devotos, tudo que o MESTRE SALA
canta os tocadores e foliões respondem.
Puxados das folias que toca o raspador, uma espécie de Cantador,
Atualmente o principal mestre na confecção de instrumentos
é o mestre Zé Bentes, 70 anos, mais de 40 anos no Gambá, aprendeu a arte de
confeccionar os instrumentos, caixa, tambor, aprendeu com os mais velhos da
comunidade, e ainda por uma promessa por conta de uma doença.
·
Bandeira (del
voar) – que está presente nas tocadas que representa as esmola, as folias,
a abertura, alvorada, o símbolo impresso na bandeira em vermelho, azul e
branco, com a imagem de Santa Maria
·
Fardas Camisa de cor branca com detalhes azul marinho
·
Opa que fica por cima das fardas, sobretudo de cor
vermelha com a imagem de S.Benedito pintadas na parte de traz da indumentárias.
·
Saias
Floridas para mulheres dançarem o gambá.
É dançado em forma de circulo anti-horário, um atrás do
outro, é originária da cultura africana, quando tinha algum tempo sem trabalhar
árduo, tocavam e cantavam como meio de diversão e esquecer aquele sofrimento,
tem participante que passavam até duas noites dançando.
De acordo com letra da música existe um coreografia
específica, com por exemplo esta frase A CANOA VIROU, fazem movimentos
sugerindo que uma canoa vire, utilizando as saias longas. Existe um momento
chamado de a POMBA E O GAVIÃO, que consiste em uma espécie de caça, num
movimento simulando ataque e defesa, quando os foliões deixam sozinhos um homem
e uma mulher no meio do barracão que representam este animais, ao final da apresentação um pega na cabeça do
par para afirmar que é o gavião, e existe até um refrão específico para este
momento:
A DANÇA DA POMBA E O GAVIÃO (Domínio publico)
O GRUPO - A pomba com gavião.
Uma espécie de administrador dos que dançam, Mestre Chiquinho denomina o “comandante “, era quem dizia a hora começar e de terminar a dança. Tinha uma toalha branca no ombro.
Mestre Chiquinho(Mantenador) sua esposa Maria Eliete
(dançarina de gambá) Porto de Móz
Na mesa dos foliões muito presença do porco é muito
importante além de galinha e, mas atualmente é mais carne bovina, além do vinho
servido antes de tocar com o argumento de melhoras no canto.
A festividade tem a mesa farta dos foliões, ao terminar de comer, agradece a mesa, toda
esta comida era oferecida pelo festeiro que cada noite tem um responsável,
naturalmente cada festeiro deixava sua mesa mais repleta, bem diversa.
A festa que se denominava
Festa dos Padroeira dos Santos, eles criavam porcos, galinhas, a caça
acontecia de alguém não ter o porco dava uma caçada. Aconteceu comigo uma vez
(...) eu era JUIZ DO MATO não tinha
conseguido nada, ai conseguimos um veado (como as festa inicia com a “
levantamento do mastro, o JUIZ DO MATO é
o primeiro que levanto o mastro e o outro que termina a festa depois de nove
noites é chamado de FESTEIRO)
É o barracão grande,
geralmente onde acontece as folias, local de concentração das festividades,
onde acontece alvorada.
CANTO DE ABERTURA PARA A LADAINHA
Introdução vocalize: em
vozes abertas
Eh, eh, eh, ah eh, ah,
eh, eh, eh, ah!
Abriste a porta do
céu
Suspendemos a cortina
Chegue todos os
devotos
Chegue todos a rezar.
Eh, eh, eh, ah eh, ah,
eh, eh, eh, ah!
Chegue todos os
devotos
Chegue todos a rezar.
Eh, eh, eh, ah eh, ah,
eh, eh, eh, ah!
Gloriosa Santa Maria
Vamos todos venerar.
Eh, eh, eh, ah eh, ah,
eh, eh, eh, ah!
Em cima daquele
asseio
Vejo uma pedra
lavada.
Eh, eh, eh, ah eh, ah,
eh, eh, eh, ah!
Onde está Santa Maria
E a Família Sagrada.
Eh, eh, eh, ah eh, ah,
eh, eh, eh, ah!
Levantando a mão direita
Pra louvar a Santa
Cruz
Eh, eh, eh, ah eh, ah,
eh, eh, eh, ah!
Pai filho e Espírito Santo
Para sempre amém
Jesus.
Para sempre amém Jesus.
Eh, eh, eh, ah eh, ah,
eh, eh, eh, ah!
Bendito de Arimatéia
(Ari) canta a voz principal e Mestre Joaquim Pombo Filho (Zeca Pombo)
segunda voz, pai e filho foliões nascido na comunidade da Maria
Ribeira/Gurupá-PA, participam do grupo de Foliões de S.Benedito.
Em começa com um instrumento, é momento de abertura das ladainhas.
GAMBÁ
He! sereia. sereia,
minha sereia,
Sereiá, sereia,
sereia do Guajará
Não me fale na sereia
Não deixe sereiá
Sereiá, sereia, sereia
do Guajará
He! Sereiá meu bem
sereia
He! Sereiá meu bem
sereia
GAMBÁ 2
Arrasta saia baiana
Faceta, faceta
A nossa senhora
permita
Que eu case com a
moça bonita
Vou me embora
vou me embora pra
Belém,
vou me casar com a
baiana
Pra ser baiano Também.
GAMBÁ 3
Cajueiro pequenino
(...) uma Flor
Cajueiro pequenino
Carrega meu
grande amor
Cajueiro pequenino
Quem te derrubou no
chão
Foi um golpe de
machado
meu coração
Em cima daquela serra
Passa boi passa
boiada
Só não passa
moreninha
Coro (....) Cajueiro,
cajuá
Você diz que eu moro
longo,
Mas longe não moro
não.
Moro na ponta da ilha
Dentro do teu
coração.
Mandei fazer um
casquinho
Da casca da melancia
(...)
Mandei fazer um
casquinho
Vou embarcar
Meu benzinho
Na beira de Gurupá.
Seu soubesse que tu
vinhas
tinha feito um dia
maior
dava um nó na fita
verde,
Pra ver meu raio de
sol.
(...)
"Se eu soubesse que tu vinhas, Eu fazia o dia
maior,
dava um nó na fita verde, Prá prender o raio do Sol". Mestre Lucindo
MESTRE
LOUREIRO - 67 anos (Francisco Loureiro Martins) de Porto de Móz -Pa
“ Quando
estava com dez anos o mestre sala o convidou para entrar no Gambá (...) onde
tinha festa de folia eu era chamado pra tocar Tamboro, Bandeirar , cantava e
tocava samba, no Gambá (no conjunto de Gambá), passei uns vinte anos e poucos
anos no Guajará (...) Os índios colocaram nós pra correr de lá, ai eu vim pra
cá (Porto de Móz). Quando acaba a festa dava um comes e bebes pra nós “
SR. DUCA CASTRO -
Quilombo Maria da Ribeira, Gurupá-Pa
estudioso
do gambá , nascido em Gurupá, quilombo da Maria da Ribeira - O Gambá é a dança, mas este instrumento que se
usa e da o nome do gambá (...) mas esse mesmo instrumento , ele estava em outro
momento que seria usar ele pra celebrações, chamar um ato de fé, de oferecer e
agradecer a deus(...).
Ai tinha a Gengibirra, que era feita do gengibre. Que ela
“quenta”(esquenta), você já pensou as duas horas da madrugada, num clima da
floresta (naquela época a floresta completa) congelador (...), ai tinha que ter
o gengibre para poder continuar batendo o samba ou instrumento para poder fazer
a folia, que tem o nome de folia para a celebração, pra alvorada, esmola que é
um passeio com os santos e usando este mesmo
instrumento, tinha que ter a gengibirra para poder aquecer (...).
Sempre
foram as mulheres que trabalharam e
produziram, e depois dividiam com todos. A festa que se denominava Festa dos Padroeira dos Santos, eles criavam
porcos, galinhas, a caça acontecia de alguém não ter o porco dava uma caçada.
Aconteceu comigo uma vez (...) eu era JUIZ
DO MATO não tinha conseguido nada, ai conseguimos um veado (como as festa
inicia com a “ levantação do mastro, o JUIZ DO MATO é o primeiro que levanto o
mastro e o outro que termina a festa depois de
nove noites é chamado de
FESTEIRO) .
Tem muitos santos aqui no quilombo (Maria da Ribeira), tem
celebração SANTA MARIA, SANTO APOLINIO, SÃO FRANCISCO, S.JOÃO, (...) no caso
S.BENEDITO todos vão para Gurupá (sede), todos os foliões (...) a igreja tem
uma organização que proporciona para poder manter, pelo menos a festa negra,
(...) mas antes era só eram os negros
que celebravam a festa de S.Benedito usando seus instrumentos que é o
TAMBOR ou TAMBORO. (...)
MESTRE ZECA POMBO - Quilombo Maria da
Ribeira, Gurupá-Pa
Joaquim Pombo Filho conhecido
como Zeca Pombo cantador de alvorada, samba, As Trindades, tocador de milheiro,
raspador, cacetete, conhece bem as nuances dos instrumentos, vive desde os doze
anos na cultura do Gambá, afirma que é uma tradição de origem negra.
MESTRE ZÉ BENTES - Quilombo Maria da
Ribeira, Gurupá-Pa
O
gambá é praticado em várioas localidades como o Jocojó por exemplo.
ANA DO NASCIMENTO DE JESUS Quilombo Maria da Ribeira, Gurupá-Pa
76 ANOS
da comunidade de Maria da ribeira dançarina de gambá, desde de menina.
DEOLINDA GOMES DOS SANTOS- Quilombo Maria
da Ribeira, Gurupá-Pa
Dançarina de gambá começou com 15 anos na
dança do gambá
PROFESSORA VITÓRIA - Quilombo Maria da Ribeira, Gurupá-Pa
Chegou a comunidade da Maria
Ribeira, com 16 anos, trabalhou 40 anos como professora, não ouviam outras
musicas, se refugiavam e criavam seus próprios instrumentos, Gambá é parte
festiva da festividade. Ainda afirma que o nome da localidade por conta de uma
quilombola, de nome Maria, muito querida faleceu e que os familiares não tinham
condições financeiras de enterra-la no cemitério de Gurupá, que por isso seu
corpo foi enterrado na comunidade mesmo, a partir deste fato local passou a
chama-se Maria Ribeira.
PEDRO
POMBO DOS SANTOS - Quilombo Maria da Ribeira, Gurupá-Pa
Afirma
que “dança é para divertir, dificuldade da manter por conta da tecnologia,
afirma q as festas, passava duas noites dançando no mesmo ritmo. “
MARIA DAS GRAÇAS S. POMBO - Quilombo Maria da Ribeira, Gurupá-Pa
Remanescente de quilombo ‘quando se bate o tambor já se sabe que vai
começar a ladaina, “ “o Gambá representa
uma oração pra nós
MESTRE VICENTE - tocador
92 anos. Porto de Móz
Todos os tocadores tocam de
tudo, o santos sao s.sebastiao , s.benedito nossa senhora de Nazaré. Aprendi
ouvindo com os outros, músicas sao antigas. A dente chama a juventude mas não
quer, desde os 8 anos de idade trabalha nas folias, começou tocando milheiro depois
passou a tocar no tamboro.
MESTRE
CHIQUINHO - 81 anos. nascido em Gurupá Mirim,
Com vinte anos saiu de Gurupá onde
nasceu e migrou para Porto de Móz, pescador como profissão, dentro folia era mantenador (uma espécie de administrador
dos dançarino), andava esmolando com o santo. Se interessou ainda menino
ouvindo os velhos tocando
MARIA ELIETE – Porto de Móz
Começou com vinte anos dançar
o gambá, que começava depois da reza, , vestia uma saia dançando com uma saia
redonda. Esposa de Mestre Chiquinho, o casal se conheceu na localidade de Santa
Rosa.
MESTRE EDIMICIANO
Filho de Felício tocador de Gambá. 100 anos
completos em junho de 2012, um dos mais velhos na viv6encia do Gambá, mestre
sala o mestre ainda ativo na expressão de identidade.
MESTRE QUINTINO-
Nasceu em Gurupá e mora em Porto de Móz
tocador de tamboro grande, desde a idade de 15
anos que andava esmolando, as vezes atua
como mestre sala. Confecciona instrumento das madeiras da região como PAU
FURADO, LOURO.
FLORENTINO DOS
SANTOS
nascido em Porto de Móz, como explica começou a se
interessar pelo gambá “por camaradagem dos meus amigos “ , é alferes de bandeira, bandeireiro,
SEBASTIÃO NUNES
· Pescador, começou com 10 anos na
folia. Toca um instrumento agudo, chamado sameador (semeador), uma espécie de
milheiro.
CLEIDIANE SERRA SANTANA
·
24 anos, jovem
dançarina de Gambá